A transição do 5G para o 6G representa muito mais do que uma simples atualização incremental na tecnologia móvel. Até 2030, espera-se que o 6G transforme a forma como pessoas, indústrias e governos interagem com os ecossistemas digitais. Em 2025, investigadores, reguladores e operadores de telecomunicações já estão a preparar ativamente as bases para o que muitos consideram o próximo grande salto na conectividade sem fios. Este artigo explora os conceitos-chave, os desafios e as implicações reais das redes 6G.
O 6G deverá operar em frequências superiores a 100 GHz, entrando no espectro dos terahertz. Isso permitirá velocidades inéditas de até 1 Tbps, quase 100 vezes mais rápidas que o 5G. Tal capacidade suportará comunicação imersiva, sistemas autónomos e aplicações avançadas baseadas em IA que exigem troca de dados em tempo real.
Para além da velocidade, o 6G foca-se fortemente na latência ultrabaixa. Os investigadores têm como objetivo atingir latências de apenas 100 microssegundos, essenciais para cirurgias remotas, fábricas inteligentes e robótica de alta resposta. Estes avanços reduzirão os atrasos de comunicação para níveis praticamente imperceptíveis ao ser humano.
Outro pilar é a integração da inteligência artificial no núcleo da rede. Ao contrário do 5G, onde a IA é usada principalmente para otimização, o 6G prevê a IA como um sistema auto-sustentável, capaz de gerir tráfego, segurança e necessidades dos utilizadores de forma dinâmica e autónoma.
Em 2025, várias economias líderes, incluindo a UE, China, Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos, investem bilhões em projetos-piloto e bancadas de testes de 6G. A União Internacional de Telecomunicações (UIT) já iniciou as primeiras bases para a normalização, que orientarão o desenvolvimento global.
Uma das áreas críticas de investigação é a atribuição do espectro. Com as ondas de terahertz ainda em fase de estudo, legisladores e reguladores trabalham para garantir acesso justo e seguro às frequências sem criar interferências nocivas. Este é um desafio complexo devido à limitada disponibilidade de espectro utilizável.
A colaboração global também molda os estágios iniciais do 6G. Universidades, gigantes tecnológicos e operadoras de telecomunicações partilham descobertas através de consórcios internacionais. Essa cooperação acelera a inovação e mantém o alinhamento com padrões globais.
As potenciais aplicações do 6G vão muito além da comunicação móvel. Uma das áreas mais promissoras é o avanço da comunicação holográfica, permitindo telepresença realista em negócios, educação e saúde. Ao contrário das videochamadas, estas interações holográficas possibilitam experiências tridimensionais em tempo real.
Outra aplicação revolucionária está no desenvolvimento da Internet dos Sentidos. Este conceito prevê a transmissão não só de áudio e vídeo, mas também de toque, cheiro e sabor através das redes digitais. Se implementado com sucesso, poderá redefinir a forma como as pessoas interagem com entretenimento, comércio e até terapias.
Além disso, o 6G permitirá gémeos digitais em larga escala — réplicas virtuais de cidades, fábricas ou até ecossistemas inteiros. Esses modelos ajudarão governos e empresas a simular cenários, prever resultados e otimizar operações em tempo real, reduzindo custos e aumentando a resiliência.
Setores como saúde, transportes e energia serão dos mais beneficiados. Por exemplo, em cidades inteligentes, o 6G poderá gerir milhões de sensores IoT para otimizar o trânsito, reduzir emissões e aumentar a segurança pública. Na agricultura, a conectividade fiável permitirá o uso de drones e máquinas autónomas para uma produção alimentar mais eficiente.
Do ponto de vista social, o 6G poderá ajudar a reduzir desigualdades digitais. Ao levar banda larga ultrarrápida a áreas rurais e remotas, aumentará o acesso a educação, telemedicina e serviços digitais em regiões desfavorecidas.
A segurança também terá avanços. Com a análise preditiva baseada em IA, o 6G poderá identificar ameaças cibernéticas em tempo real, protegendo cidadãos e infraestruturas críticas contra ataques sofisticados.
Apesar do seu potencial, o 6G enfrenta desafios técnicos, económicos e regulatórios significativos. O desenvolvimento de hardware fiável para terahertz continua a ser uma barreira, pois estas frequências consomem muita energia e têm alcance limitado. Engenheiros testam novos materiais e designs de antenas para superar esses obstáculos.
Outro desafio é o enorme investimento em infraestrutura necessário. Ao contrário do 5G, que já exige uma rede densa de células pequenas, o 6G poderá necessitar de ainda mais instalações avançadas, aumentando custos para operadoras e atrasando o lançamento sem estratégias eficazes.
A harmonização global dos padrões será igualmente crucial. Sem estruturas unificadas, a fragmentação pode atrasar a implementação e limitar a interoperabilidade internacional. Por isso, a cooperação entre governos, líderes da indústria e reguladores é fundamental.
De acordo com previsões da indústria, o 6G deverá entrar em ensaios pré-comerciais em 2028. Até 2030, poderá começar o lançamento comercial em mercados avançados, com disponibilidade global na década seguinte. Este calendário acompanha o ciclo natural de 10 anos observado em gerações anteriores de redes móveis.
Em 2025, o foco está sobretudo na investigação, na política de espectro e em projetos experimentais. Os países competem por liderança, mas a colaboração continua necessária para evitar duplicações e garantir interoperabilidade global.
Para as empresas, os próximos cinco anos serão cruciais. Quem investir cedo em tecnologias preparadas para o 6G — como análise baseada em IA, ecossistemas IoT e edge computing — terá vantagens claras quando a implementação começar.